quarta-feira, 1 de junho de 2011

Até logo

Era uma vez uma menina que se apaixonava pelas coisas e pelas pessoas de uma maneira muito intensa. Encantá-la não era difícil. Conseguir um espaço no seu coração, então, era muito fácil. Bastava ser amável, tratá-la bem e ter paciência, que, em pouco tempo, passaria a ser chamado de amigo ou amiga.
Esta menina valorizava tudo e todos que amava, de tal modo, que para ela, todos eram especiais e essenciais.
A menina, aos poucos, foi percebendo que por maior que fosse o seu amor, na maioria das vezes, não era o suficiente para prender pessoas e para que as coisas não fossem envelhecendo e perdessem o seu valor.
A menina morria cada vez que tinha que dar um adeus, se despedir de alguém que amava, jogar fora uma carta ou um objeto que, mesmo quebrado, sujo e sem nenhuma utilidade, lhe tinha um valor sentimental todo especial.
A doce menina, foi crescendo, foi vivendo, e passou a descrer no "pra sempre". Seus amigos, passaram a ser apenas parceria para os momentos de risos; as cartas, após lidas, eram jogadas fora; quando recebia presentes, fazia questão de não ler o bilhete que acompanhava e de não pensar muito em quem lhe fizera o agrado. A doce menina se transformou em uma mulher infeliz e amargurada, que não sofria na hora de se despedir, pois não mantinha nenhum vínculo com ninguém.
E assim ele viveu, até o dia em que percebeu que quem não tem lembranças, sejam elas boas ou más, não sente saudades e esconde-se do amor, por puro medo de sofrer, não vive de verdade.
Hoje, aquela que já foi uma doce menina e uma amargurada mulher, é uma pessoa feliz, que se encanta, ama, sorri, chora, erra, faz planos e sente falta do que passou.
As despedidas continuam a matar-lhe, entretanto, hoje ela sabe que um adeus, não quer dizer até nunca mais, e que pode e deve ser encarado com um até logo. Agora ela sabe que é preferível sofrer ao se despedir, do que viver uma vida em vão, sem nunca ter se deixado encantar por ninguém.

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